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Dialética em Platão

DIALÉTICA EM PLATÃO

Regiani Rolim de Moura(i)

RESUMO Este artigo parte da discussão dos termos idealismo e realismo, sobre a teoria de Platão, “O Mundo das Ideias”, postulada pelo autor Marcio Soares (2014). Também apresenta uma caracterização ao termo dialética através da teoria platônica e sua complementação para a área da Filosofia. O idealismo está presente na teoria platônica mesmo antes de ser nomeado, como veremos nesse trabalho, essa questão permanece em voga, demostrando-se com um caráter atemporal. Quanto ao que se refere ao realismo, temos presente na obra uma constituição desse conceito para além da obra platônica, presente em alguns fragmentos de Aristóteles e Heráclito. Para tal, no decorrer nos depararemos com algo mais substancial, retratado por Soares, a questão de Platão não é nem idealista, tampouco realista. Esse artigo analisa ainda e identifica as principais contribuições da dialética quanto à elaboração do pensamento crítico (a partir de Platão). Apresenta algumas proposições sobre o modo de se pensar quando se trata da maneira como interpretamos o mundo das Ideias, propostas pelo próprio Parmênides.

Palavras – chave: Dialética. Epistemologia. Filosofia. Idealista. Realista.

1 INTRODUÇÃO Este artigo foi elaborado através de uma revisão bibliográfica da obra, “Hermenêutica e Dialética entre: Gadamer e Platão (2014)”. Analisaremos mais adiante o capítulo II, “Segundo Dia: Nas Origens da dialética: as disputas interpretativas entre idealismo e realismo na teoria platônica das Ideias”, por Marcio Soares. Nesse texto o autor busca traçar uma explicação entre o idealismo e o realismo na obra do filósofo Platão. Para tal, Soares vai propor que voltemo-nos para algumas questões perpassaram e estão presentes ainda no cotidiano acadêmico e de muitos pesquisadores. Assim, trata-se, pois, de um debate filosófico acerca do pensamento platônico. No entanto, esse diálogo teórico também conta com visões de Kant, Hegel, o próprio Gadamer, e o pensamento de outros estudiosos das teorias platônicas, como P. Natorp e Henrique C. Lima Vaz.


2 IDEALISMO VERSUS REALISMO EM PLATÃO O texto busca expor as principais ideias de Platão acerca da leitura idealista e realista, também conhecida como a teoria das Ideias do filósofo. Do ponto de vista de Soares (2014), por mais que essa discussão tenha sido introduzida ainda na acadêmia de Platão, ela perpassara os séculos, estando presente nos debates filosóficos na atualidade. Deste modo, o autor também visa explorar o caráter por trás deste idealismo e realismo justamente por isso, o autor afirma que ainda nos encontramos diante da seguinte questão: “a teoria platônica das Ideias constitui-se em uma forma de idealismo ou realismo filosóficos?” (SOARES, 2014, p. 36). Assim, esse tópico do texto busca verificar essa questão, que transcende o próprio filósofo Platão, e está presente também nos ensaios de Heráclito e no próprio Aristóteles. Além disso, Gadamer menciona a dialética platônica, expondo que há uma “necessidade de compreendermos corretamente a natureza das Ideias”. (SOARES, 2014, p. 38). Soares, afirma que seguirá pela trilha de Lima Vaz, o qual defendera que “a teoria platônica das Ideias está nas origens do realismo filosófico”. (SOARES, 2014, p.40). Além disso, o autor destaca que, apesar de expor essa questão dos modelos idealistas e realistas, o que para ele parece destacar-se é a compreensão da teoria platônica. Deste modo, a teoria platônica pode ser encontrada no exemplo do dinossauro citado pelo autor, apesar de não existirem mais dinossauros, temos uma ideia do que isso é, o que ele representa. Diante a isso, temos postulada uma ideia universal, a qual instaura um princípio de realidade. Assim, com a definição acima, o autor vai dizer que a teoria platônica pode ser entendida como uma filosofia dialética. Destarte, a partir de alguns fragmentos apresentados no texto, podemos interpretar que o modelo idealista é caracterizado na teoria platônica ainda na academia, mesmo que Platão não fizesse menção a este termo. O conceito de realismo, é apresentado no texto como sendo um modelo “pós platônico”, retratado em Aristóteles, seguidor de Platão, entre outros filósofos que fazem menção a teoria platônica. A representação do modelo de idealismo também aparece divergir-se com a ideia de conceitualismo, pois são apresentadas Ideias acerca de uma natureza conceitual.


É expressivo que Platão tenha negado a redução da natureza das Ideias a condição de “pensamentos” em uma alma ou mente pensante. Mais sintomático ainda é o argumento platônico – no diálogo, posto na boca do velho Parmênides – de que, se as Ideias forem apenas pensamentos, então tudo será pensamento, com o agravante de serem as coisas “pensamentos que não pensam” (132). (SOARES, 2014, p.45).

Apesar desse termo não ser mencionado, na época, na Grécia, encontramos uma definição apresentada por Soares que pretende se aproximar do idealismo: temos pois, os termos ideia e eídos. Ao longo da teoria platônia essa ideia parece divergir-se, esse idealismo retrata uma ideia de um padrão de perfeição, algo que confirmaria a realidade da natureza espiritual. Há aqui um impasse, como Soares menciona, “muitos, por precipitação”, podem acreditar que a teoria platônica retratada entre idealismo e realismo é um problema tido fora da teoria das Ideias. Isso é algo mais complexo, pois, como vemos no decorrer da obra, essas ideias começam a ser sinalizadas muito antes de ter se construído os termos. Assim, como vimos, as Ideias não podem ser reduzidas a meros pensamentos, como são apresentadas em diálogos de Platão, Heráclito e Parmênides. A teoria de Platão apresentada em Parmênides aponta que não é possível termos duas visões ontológicas, não podemos considerar duas realidades, também por esse fator a teoria não pode ser tida como um realismo filosófico. (SOARES, 2014).


Da mesma forma que ocorre com a dualidade realismo versus idealismo, em relação à filosofia de Platão, igualmente não se trata nem de uma pura questão histórica, nem de uma mera questão de anacronismo conceitual. Antes, disso trata-se de uma questão propriamente teórica, como segue: se as Ideias não são tomadas como entes reificados e separados das coisas sensíveis, então também não faz nenhum sentindo a disputa sobre sua imanência ou transcendência em relação às próprias coisas sensíveis. (SOARES, 2014, p. 49).


Assim, diante as questões apresentadas acima, não há dois mundos, tampouco uma equipolência entre estes, haja vista o fato de que não há um conceitualismo platônico. Destarte, para Platão a ontologia, a epistemologia e a lógica estão presentes e têm um caráter homogêneo na teoria das Ideias. Assim, o autor vai dizer que agora não trata-se mais de respondermos as questões aqui colocadas, pois como vimos a teoria de Platão assumira um caráter voltado ao que podemos denominar como sendo dialética, e não exatamente idealista ou realista.


3 DIALÉTICA PARA PLATÃO


Temos nos subcapítulos seguintes uma demonstração do que é a dialética na teoria platônica. Assim, no texto encontramos uma caracterização acerca do tema dialética, essa tida a partir de uma definição a partir da “natureza das Ideias”, também fomentada entre lógica, ontologia e epistemologia. O autor busca responder algumas perguntas ainda: “Qual é, a final, a realidade das Ideias? Elas são reais (existem) em si mesmas ou, ao contrário, existem apenas e exclusivamente instanciadas nas coisas particulares e individualizadas?” (SOARES, 2014, p. 50). Ao propor responder a tais questões, Soares (2014), vai dizer que temos o princípio de universalidade e inteligibilidade nas Ideias. Assim, vai caracterizar as Ideias a partir das perspectivas ontológicas, lógicas e epistemológicas. Apresenta no texto que ambas as Ideias, presentes nesses três conceitos citados acima, são exigências racionais. Deste modo, no decorrer do texto chega-se ao consenso de que a inteligência é a parte fundamental desse processo, a partir dela será possível (talvez) chegarmos às premissas acerca das Ideias. Nesse momento do texto voltamos ao exemplo do dinossauro. A dialética de Platão pode ser definida como um método de contraposição de ideias e/ou opiniões. Temos uma hipótese, a dialética trata-se, pois da verificação acerca desta hipótese chagando a seu fundo de verdade ou não. É um diálogo de informações partindo também da negação dessa hipótese até chegarmos a um princípio de verdade. Destarte, trata-se de um diálogo entre opiniões distintas e até mesmo opostas.


4 CONCLUSÃO


Ao realizar este trabalho, concluo que o método da filosofia dialética de Platão é um modelo complexo, o qual nos invoca a problematizar algumas questões, tais como: pensar, dialogar, indagar e refutar o que se refere a filosofia e mundo. Assim, este artigo foi importante para minha formação acadêmica como futura professora de Filosofia, como também, para poder entender como questões da época da academia de Platão apresentam-se em voga na atualidade. Quanto aos termos idealismo e realismo, podemos dizer que estes fazem menção a uma realidade postulada no mundo das Ideias. Sendo também, interpretadas por outros filósofos e seguidores da teoria platônica, a qual se sobressai na atualidade ainda, por assumir justamente, esse caráter subverso na história da Filosofia.

REFERÊNCIAS


ROHDEN, Luiz (org). Hermenêutica e dialética: entre Gadamer e Platão. In: __________. Marcio Soares. Segundo Dia: Nas Origens da dialética: as disputas interpretativas entre idealismo e realismo na teoria platônica das Ideias. São Paulo. Edições Loyola, 2014.


NOTAS


(i) Psicóloga pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó - UNOCHAPECO; Acadêmica do curso de Licenciatura em Filosofia pela Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS – Chapecó – SC, E-mail: regianipsico@gmail.com Fone: (49) 9955-1530 – Chapecó – Santa Catarina – Brasil.


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O projeto "Cultura Pensante" é um movimento criado por integrantes do Centro Acadêmico de Filosofia (CAFIL) do Campus Chapecó da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), vinculando-se a este órgão representativo, com o objetivo de criar e divulgar cultura.  O projeto engloba, de um lado, a criação e divulgação e atividades culturais, e, de outro, a divulgação a um público externo da síntese dos conhecimentos construídos pelo projeto por meio da revista digital sediada nesse espaço.

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