As revoluções científicas de Thomas Kuhn
AS REVOLUÇÕES CIENTÍFICAS DE THOMAS KUHN
Janice Paula Jorge [1]
O presente trabalho pretende apresentar uma síntese sobre a teoria das revoluções científicas de Thomas Kuhn, enfatizando de que maneira as mesmas acontecem e em que momento há a passagem de uma fase para a outra.
A Estrutura das revoluções científicas de Thomas Kuhn é uma teoria que foi desenvolvida com o objetivo de mostrar que o desenvolvimento científico era algo que, para ser bem sucedido, deveria atender a todos os requisitos das etapas elaboradas pela teoria, a seguir descritos.
Dessa forma, como qualquer outra teoria, a mesma possuía um ponto de partida. Esse seria o primeiro estágio, a então denominada fase pré-paradigmática. Nesse estágio, que, pode-se dizer, seria o começo de tudo, os cientistas partiriam do nada em busca da escolha de um tema a ser definido como objeto de estudo e de que maneira esse objeto passaria a ser estudado. É onde também acontecem as discussões e as divergências entre os cientistas, entre os temas e sobre como estudar e por que estudar de tal forma.
Com isso, após o término das divergências, os cientistas chegam a um consenso sobre o seu objeto de estudo. Ao encerrar essa fase de discussões e discordâncias, os cientistas entram em pleno acordo ao definir um paradigma. Ao definir um paradigma, encerra-se a fase pré-paradigmática, anterior à ciência, e tem-se início a uma nova fase, a ciência normal.
Entretanto, com o paradigma definido, tem-se um avanço estabelecido, e o início de uma nova ciência. Pois o que determina o nascimento de uma nova ciência é a definição de um paradigma; e, uma vez definido, o mesmo se mantêm. É nessa fase que se considera, segundo Kuhn, que há um progresso dentro da ciência, pois aqui nessa fase o conhecimento é cumulativo, ao contrário do que acontece nas demais fases, pois o que se adquiriu dentro de uma fase não se pode aproveitar nas demais, pois o conhecimento é incomensurável.
Além disso, essa fase é conhecida pelos quebra-cabeças. De acordo com Kuhn, os quebra-cabeças surgem na medida em que a teoria vai avançando. Além disso, os quebra-cabeças têm a função de testar a capacidade dos cientistas em resolver os problemas apresentados na teoria. Com o surgimento dos quebra-cabeças, tem-se a necessidade de realizar alguns ajustes na teoria. Mas, na medida em que não se encontra solução para os quebra-cabeças, os mesmos passam a pertencer a um novo grupo de eventos científicos, denominado “anomalias”.
Assim, nesse período tem início a ciência extraordinária. Nessa fase, na medida em que a ciência natural avança, surgem os problemas que não são resolvidos e para os quais a teoria não consegue mais dar explicações convincentes. Com a multiplicação de problemas sem solução, os quebra-cabeças que tinham solução agora não são mais solucionados. E com isso surge um período de crise, pois o paradigma anterior definido não responde mais as questões científicas consideradas relevantes, gerando crises científicas.
Além disso, essas crises exigem, por sua vez, uma resposta do paradigma. É possível encontrar a resposta dentro do próprio paradigma. Se for encontrada dentro do mesmo paradigma, o mesmo se mantém. Caso contrário, se todas as tentativas de encontrar respostas plausíveis que atendam as necessidades da teoria forem impossíveis, abandona-se assim o paradigma. É necessário, então, a escolha de um novo paradigma que dê conta de apresentar as respostas necessárias no decorrer da teoria.
Porém, com a escolha de um novo paradigma, abandona-se tudo o que havia sido estudado e construído até então, e parte-se do princípio novamente, em busca de um novo objeto de estudo. Com o abandono do paradigma, tem-se início a revolução cientifica.
Em virtude dos fatos mencionados, pode-se dizer que a teoria de Thomas Kuhn foi elaborada com o objetivo de apresentar as possíveis etapas a serem alcançadas para se chegar a uma possível ciência, que seja capaz de responder e dar conta de todos os problemas encontrados pela mesma. Assim, uma ciência só é considerada ciência quando a mesma passa por todas as etapas estabelecidas pela teoria com sucesso.
REFERÊNCIAS
KUHN, Thomas. A estrutura das revoluções científicas. 10. ed. São Paulo: Perspectiva, 2011.
Notas
[1] Acadêmica do curso de Licenciatura em Filosofia da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Chapecó. E-mail: jjanicepaulla@gmail.com
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