A filosofia positivista e a Hermenêutica
A FILOSOFIA POSITIVISTA E A HERMENÊUTICA
Janice Paula Jorge [1]
O presente trabalho pretende apresentar uma breve introdução ao positivismo, e também algumas das principais criticas feitas à teoria positivista de Augusto Comte.
O positivismo é uma corrente sociológica que tem como seu fundador Augusto Comte. Assim, o positivismo tinha como fundamento a ideia de que todo e qualquer conhecimento, para ser verdadeiro, precisava ser científico. Dessa forma, o mesmo não reconhecia nenhuma outra forma de conhecimento que anteriormente era praticada, sendo este o único e exclusivo meio para se obter conhecimento e caminhar em direção ao progresso.
Dessa forma, tem-se a ideia que as teorias científicas seriam prefeitas e infalíveis. Consequentemente, estariam livres de quaisquer questionamentos.
Mas, assim como outras teorias, o positivismo sofreu algumas críticas, abalando assim as suas bases.
A teoria positivista, embora apresentasse argumentos consistentes em relação à propagação do conhecimento, não era vista da mesma forma pela hermenêutica que, por sua vez, entendia que a teoria em questão era passível de falha.
Na visão da hermenêutica, os positivistas sustentavam a ideia de que conhecimento, para ser verdadeiro, precisava ser científico, que a filosofia não possuía um saber autônomo e que a ciência era objetiva, precisa e metódica.
É desta forma que partem as criticas. Dentre as mais conhecidas destaca-se a negação das outras formas de conhecimento e a neutralidade cientifica.
Os positivistas entendiam que somente os cientistas poderiam produzir e disseminar o conhecimento. Tudo o que antes era entendido por conhecimento anterior à ciência agora teria ficado ultrapassado, sem nenhuma importância.
Porém, esta visão positivista rendeu algumas críticas e questionamentos por parte da hermenêutica. A mesma se intrigava com o fato de os positivistas ignorarem todas as outras formas de saber, inclusive o senso comum. Na opinião deles, deveriam levar em conta que existem outras formas de conhecimento, além do científico.
Com isso, a hermenêutica acreditava que, pensando assim, o positivismo pretendia monopolizar o conhecimento, sendo que somente os cientistas poderiam produzi-lo. Assim, o positivismo seria um detentor de toda fonte de conhecimento. Em resposta a esse argumento, os positivistas afirmam que não são contra alguém fora da ciência produzir conhecimento, mas acreditam que seria quase impossível, pois
Os cientistas são vistos como se fossem os proprietários exclusivos do saber, devendo fechar todas as “cicatrizes do não-saber” e fornecer os bálsamos para as angústias individuais e sociais. Essa imagem mítica do cientista ignora que ele faz parte e depende de uma estrutura bem real do mundo que o cerca. O mundo científico nada tem de ideal, não é uma terra de inocência, livre de todo conflito e submetida apenas à lei da verdade universal, isto é, de uma verdade testável e verificável em toda parte, através do respeito aos procedimentos de rigor e aos protocolos da experimentação (LEITE, 2018).
Outra crítica importante ao sistema positivista, também aplicada pela hermenêutica, é a presunção de neutralidade científica. Essa teoria, de acordo com o positivismo, era considerada totalmente correta, mas então surge a hermenêutica para contestar. Na visão positivista, o cientista tinha a capacidade de extrair o conhecimento da coisa em si, sem envolver sentimentos e desejos pessoais na pesquisa e também sem envolver a realidade que se encontrava ao seu redor. Para a hermenêutica, isso seria impossível, pois a ciência, antes de ser feita por cientistas, é feita por homens que possuem vontades e desejos. Assim, seria impossível o cientista ser neutro em suas pesquisas e não misturar seus objetos de pesquisas com seus interesses pessoais.
Além disso,
sabe-se inicialmente que a ciência é uma obra humana, e como tal, movida por seus interesses e desejos, sempre marcada pela ideologia do pesquisador, resulta em mito a pretensão da neutralidade cientifica. Historicamente o uso e aplicação de resultados das pesquisas cientificam, vem mostrando que a eliminação da parcialidade esta fora de questão (LEITE, 2018).
Portanto, em virtude dos fatos mencionados, é evidente que a teoria positivista, embora apresente uma teoria perfeita, de certa forma até poderia ser, é passível de questionamentos com possível indução à falha. O que se tem na verdade são pretensões teóricas que vão além das possibilidades científicas reais.
Referências
CUPANI, Alberto. A hermenêutica ante o positivismo. Manuscrito, v. IX, n. 1, p. 75-100, 1986.
LEITE, Lhais. Positivismo sob críticas. Disponível em: <http://www.webartigos.com/artigos/o-positivismo-sob-criticas/154766>. Acesso em: 25 nov. 2018.
Notas
[1] Acadêmica do curso de Licenciatura em Filosofia da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Chapecó. E-mail: jjanicepaulla@gmail.com
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