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A linguagem e sua relação com os fatos

A LINGUAGEM E SUA RELAÇÃO COM OS FATOS


Carolina A. dos Santos [1]


Neste texto iremos discutir sobre o que são Fatos, se são coisas que encontramos na realidade ou são porções da realidade (do mundo) que atribuímos à qualidade (para determinados fins) de serem “fatos”.

Como observado dentro da Ontologia há uma grande discussão sobre o que deve ser considerado como um “fato”: serão os fatos também objetos? Serão eles compostos ou simples? O que constitui um fato: conteúdos e suas relações? Poderia ser o caso de que um “fato” consistisse numa qualificação de determinadas relações?

Algumas afirmações podem ser consideradas como afirmações que podem ser verificadas como verdadeiras ou falsas e podem ser consideradas como formas ou maneiras de falar sobre alguma coisa. Vejamos o seguinte exemplo: “A porta está aberta”. A porta está aberta pode descrever o fato de ela estar realmente aberta ou sugerir que a porta está aberta e precisa ser fechada. No primeiro caso, foi dito algo sobre a realidade, um fato que pode ser verificado; já no segundo, foi dada uma ordem acerca de uma ação que deve ser tomada.

Para evitar essas confusões que são provenientes do uso das palavras, os filósofos passaram a tratar as afirmações que dizem respeito a fatos como verdadeiras ou falsas. Ou seja, quando alguém afirma que o importante do que está sendo proferindo é o conteúdo da afirmação, que diz respeito a um estado de coisas no mundo, será usada uma determinada forma gramatical da linguagem. Isto é, ele dirá: “é um fato que…”, “na verdade, é uma questão de fato que...”, e assim por diante.

Ao usar a expressão “é um fato que”, a sentença é transformada em uma afirmação que implica um compromisso com o que é dito, que se dá sobre a existência efetiva daquilo que se diz que é “fato” e, portanto, poderia ser chamado de um compromisso com a ontologia do que se diz ser um fato.

Desta forma, ao se dizer que “A porta está aberta”, não se pretende necessariamente ter nenhum compromisso específico, e tudo depende da circunstância em que a frase foi dita. Mas, se agregarmos “é um fato que”, assume-se um compromisso com a verdade daquilo que foi dito, ou seja, com a ocorrência real do que se diz ser um fato.

Um dos objetos de investigação da Ontologia é se os fatos são coisas que encontramos na realidade ou são porções da realidade (do mundo) aos quais atribuímos a qualidade (para determinados fins) de serem “fatos”. Alguns pensadores tomam como ponto básico a ideia de que fatos devem conter objetos, propriedades e relações. Eles fazem “confusões”, isto é, afirmam que algumas parcelas da realidade constituem fatos, pois apresentam ou exemplificam relações, propriedades e objetos.

Desta forma, um fato seria uma parcela da realidade, uma qualificação escolhida dentre outras existentes. À vista disto, “é fato que” apenas distingue uma determinada parte da realidade e, portanto, escolhe o que pretende distinguir. Isso quer remete ao pensamento que não se trata de dizer que não existem “fatos” e sim que o que chamamos de fatos são parcelas qualificadas da realidade.

Logo os fatos compõem uma parte da realidade que é mais ampla, e são selecionados conforme as qualificações de relação. Visto desta forma, todo o universo seria composto por fatos básicos que correspondem a estados de coisas maiores, fatos são porções de realidade.


Notas

[1] Acadêmica do curso de licenciatura em Filosofia da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Chapecó. E-mail: carolinaas88@hotmail.com


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O projeto "Cultura Pensante" é um movimento criado por integrantes do Centro Acadêmico de Filosofia (CAFIL) do Campus Chapecó da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), vinculando-se a este órgão representativo, com o objetivo de criar e divulgar cultura.  O projeto engloba, de um lado, a criação e divulgação e atividades culturais, e, de outro, a divulgação a um público externo da síntese dos conhecimentos construídos pelo projeto por meio da revista digital sediada nesse espaço.

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